48,5% da população em situação de rua de vive com menos de R$ 6,00 por dia
21,7% recebem até R$100,00 por mês; 26,8% recebem entre R$101,00 e R$200,00
Realizado pela primeira vez Piracicaba, o “Censo Municipal da População em Situação de Rua em 2021” revelou que 48,5% das pessoas em situação de rua em Piracicaba vivem com menos de R$ 6,00 por dia. O projeto, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), pelo Centro Regional de Registro e Atenção aos Maus Tratos na Infância (CRAMI) e pela INDSAT, apresenta, entre outras informações, dados em relação à quantidade recebida por mês pelas pessoas em situação de rua, a forma como elas gastam este recurso e qual o trabalho que desenvolve para obter o mínimo de renda para sua sobrevivência.
Entre os moradores de rua pesquisados, 21,7% recebem até R$100,00 por mês, 26,8% recebem entre R$101,00 a R$200,00 por mês e 17,2% recebe entre R$201,00 a R$600,00 por mês.
O quadro reflete a situação observada no restante do Brasil, onde a miséria aumentou no último ano. Segundo dados divulgados pela Folha de São Paulo, 12,8% dos brasileiros passaram a viver com menos de R$246,00 por mês no início deste ano, mais que o observado no mesmo período em 2020 (12,4%) e 2019 (11%). Estudos apresentados pelo portal IG Economia indicam que, em abril de 2021, 14,5 milhões de famílias registradas no Cadastro Único do governo federal viviam em situação de extrema pobreza, maior patamar de miséria no Brasil desde agosto de 2012.
O portal revela ainda informações de especialistas a respeito do desemprego no país, somando “14 milhões de desempregados, 6 milhões que desistiram de procurar empregos e 7 milhões de subocupados, num total de 27 milhões de brasileiros sem renda ou com renda parcial do trabalho”. Nos dados obtidos através do Censo em Piracicaba, 42,4% não trabalha, 11,1% disseram receber a quantia através de trabalho informal, 11,1% através de trabalhos de reciclagem, 7,1% “olhando carros” e 4,5% trabalhando como “flanelinha”, além de serviços como venda de balas, servente, pedreiro, ambulante, entre outros.
Considerando o cenário atual do país, onde os preços dos alimentos atingem valores cada vez mais altos, esta parcela da população encontra mais um desafio em relação aos demais, buscando alimentos no lixo, negociando ossos em açougues ou demais práticas desesperadas para saciar a própria fome e/ou de seus familiares. De acordo com os entrevistados no Censo, a maior parcela da população em situação de rua (27,5%) gasta o dinheiro que recebe com comida, seguida de 20,6% com bebida alcóolica, 11,6% com água, refrigerante ou suco, 11,1% com drogas, 10,4% com produtos para higiene e 3,6% com aluguel ou pensão.
O Censo
Realizado entre os dias 20 de julho e 17 de agosto de 2021, o estudo localizou 234 pessoas em situação de rua, das quais 198 responderam ao questionário completo aplicado pelos educadores sociais do CRAMI. Os dados coletados possibilitaram a compreensão da realidade dessa parcela da população, subsidiando a Assistência Social e demais políticas públicas para avaliação dos serviços e programas oferecidos.
A metodologia do censo foi construída pela equipe de pesquisa formada pela SMADS, CRAMI, SEAS (Serviço de Abordagem Social) e INDSAT (Indicadores de Satisfação dos Serviços Públicos), unindo experiência no atendimento às pessoas em situação de rua e especialização em pesquisa e gestão de informações.
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